sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Será que virei Alice?


Ando numa fase que só quero coisa simples, escrever para criança, sendo que assim, escrevo para mim mesma. Por isso, um dia vou te contar a história do coelhinho dentuço e saltitante. Ah, esse bichinho fica me seguindo aonde eu vá, será que virei Alice?
Viro-me, e lá está ele cravando os dentinhos na suculenta cenoura, olho para o outro lado e o danadinho já está rodopiando numa moita de capim, metendo o focinho na toca.
E fica me seguindo, me seguindo...
Que sinais me envias? Queres que eu te siga? Mas para onde podes me levar?
Espera, espera que eu irei!

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Mas o que importa o presente, passado - haverá futuro?

 Vejo fotos do passado, onde tudo vai se mesclando com o presente. E se o futuro for o sono eterno em algum cantinho de céu ou mesmo num inferninho ardente, haveria de ser esse o verdadeiro presente?
No mosteiro Zen, seríamos todos monges. No bar da esquina, embriagada de vinhos doces e baratos, tendo como companheiros brutamontes suados e até refinados senhores, serias tu mulher da vida, apenas um naco de carne qualquer. Mau agouro ser mulher e da vida? Mas a vida é boa e bela, já diziam ilustríssimos poetas da modernidade digital.
Vamos por partes, usemos a razão. Que se dane a razão enquanto o mundo se estilhaçar em "sujos, feios e malvados". Sonhávamos com aquele oásis onde tendas se refrescavam à sombra das tamareiras, mas deceparam as tamareiras e a água secou em São Paulo. Essa mesma água que se evaporou dos ambiciosos corações dos homens e mulheres sem fé, fedorentos da lama do dinheiro fácil. Por isso, revejo fotos amareladas. Se somos infelizes? Para que nos serve o conceito de felicidade? 
Brindemos com o vinho amargo.


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

JK, o bom mineiro de Diamantina

Brasília sendo construída, desbravada pelas mãos calosas dos candangos. Enquanto isso, o mineiro de Diamantina, visitava escolas e brincava com as crianças no recreio.
Um dia, muito menina ainda, não sei o que senti ao vê-lo tão sorridente e brincalhão que corri em sua direção e ele me levantou em seus braços fortes, dizendo-me algo que a minha memória tenra não reteve. Mas uma curta frase eu pude balbuciar:
"- Juscelino, você é  meu presidente!"

 No planalto central, moramos por alguns anos e lá tomamos banhos nas claras águas das cachoeiras do Rio Paranoá, e foi também lá que conseguimos fazer um círculo de amizades super heterogêno.
  Era gente de todo o Brasil: a baiana Edelzuita, o cearense seu Solano, dona Neném a mineira, o casal Afrodízio e seus cinco filhos que eram goianos, dona Amélia, a pernambucana, Eliane a carioca, e fica faltando mais, muito mais gente boa e fraterna. Todos com seus empregos e bem alimentados, todos felizes.
Quando voltamos ao Rio, trouxemos sementes das "flores de Brasília" que são os bipinatus e fizemos, eu e meus irmãos, um jardim das cores do teu grande coração, doutor Juscelino, o médico carinhoso e político conciliador que soube bem entender a alma simples do povo brasileiro.
Porque nos deixaste tanta saudade, Juscelino Kubitschek de Oliveira?
Vamos de "Peixe Vivo" com outro mineiro maravilhoso? Canta pra nós, Milton Nascimento!

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Segure-se no corrimão

Cuide-se bem ao subi-la
Segure-se ao corrimão
Da escada
O primeiro, o segundo, o terceiro
degraus parecem e são fáceis
Chegando ao topo
Respire
Mas não exulte de alegria
Sem soberba
Não se orgulhe
De ter sido 
O primeiro
Para não escorregar
Nas caudas de cetins 
Da sua própria vaidade

"Vaidade das vaidades"
Já dizia Salomão, o rei
"Tudo é vaidade"
Porque subir demora
E descer é rápido
Rolar escada abaixo
Mais fácil ainda
Segure-se firme
Aguente

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O claro e o obscuro

Acendo a lanterna
Algo se perdeu
Pode ser a  jóia ou o grampo de cabelo
Algo se perdeu
Foi-se a minha paz
Para debaixo da cama
Mas a luz que me acompanha
Pelos labirintos da perdição
Essa não se apagará
Abandono a busca e os ingratos
Objetos do meu desejo
Apego-me apenas à clara luz
Que fere de morte os abismos do obscuro...


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Helmut Berger e eu!

Passada essa "onda cívica" que quase me deixou de quatro, naquela de quem ganhou, quem não ganhou e acaba que...bem, todo mundo sabe como termina essa euforia de todos nós, o povão brasileiro, ou não sabemos? Enfim, volto airosamente a uma das minhas famosas paixões nunca dantes revelada e que a ninguém interessaria, não fosse eu essa linguaruda que sou, Helmut Berger. E vou logo advertindo aos senhores e senhoras que, se por acaso, tiverem "a feliz idéia" de pesquisá-lo em português na famosa (e incompleta) Wikipédia brasileira, vão derramar copiosas lágrimas de sangue. O ator, tido como o homem mais bonito do mundo e preferido dos diretores de filmes cult, só pode ser pesquisado em alemão (sentiram o drama?), italiano, inglês, por aí. O motivo? Mistério profundo, eu também estou dando tratos à bola para saber. Mas já consegui um razoável material nesse meu insaciável vício e martírio "Helmutiano".
Encontrei Helmut meio que por acaso e fui seguindo pistas. Passados quase dez anos, delicio-me agora com todo o seu esplendor artístico, principalmente na filmografia do perfeccionista Luchino Visconti.
bem, estão aí umas poucas cenas de Violência e Paixão que na minha modestíssima opinião são cenas - como poderia defini-las? Digamos que se trata de um romantismo meio erotizado, sem aquelas apelações detestáveis que estão tanto em voga por aí, isso aqui, meus queridos, é Arte, é emoção estética, papa fina. E o conteúdo? Ora, vejam o filme! Depois, um dia, quem sabe, eu volto à carga contando outras preciosidades. Ah, e tem essa música aí, Testarda Io, sendo interpretada na afinada e bela voz de Iva Zanicchi. E para irmos já encerrando, como curiosidade, vocês querem saber quem são os autores da mesma? Nada mais, nada menos que Roberto e Erasmo Carlos. Pois é, amigos, nós aqui torcendo os narizinhos para o popular, mas o Príncípe italiano (ele era nobre mesmo), Visconti, colocando lá, como trilha sonora de uma das suas obras mais primorosas, os nossos brasileirinhos da jovem guarda, "turma do lamê"  e outros tantos rótulos menos votados que muita gente com problemas freudianos gosta de impor aos outros. Deixa pra lá, sem neuras, cuca fresca e vida que segue. 

Tenho tanto e tanto para falar que esse postzinho é só uma gotinha d'água nesse profundo oceano de variadas nuances, principalmente no que toca a uma outra película também dirigida pelo Mestre Visconti, Ludwig. Aqui, são cinco horas de uma aula de História, cenários de época requintados, Romy Schneider e aquela exuberância interpretativa dele...Helmut Steinberger. Ou, como ele mesmo simplificava, Helmut Berger.
 
Delícia, puro deleite...
Helmut Berger e eu!

domingo, 5 de outubro de 2014

Refletindo - As medalhas da sorte de Eduardo Campos

Eu acho que quem me acompanha nessa jornada virtual já percebeu que não gosto de "politizar" meus espaços. Portanto, não se enganem com o título acima. Não vou fazer a cabeça de ninguém, mesmo porque  com a minha idade - sou uma criatura macróbia - não admito que façam a minha.
Mas não sei, esse "clima de eleições", esse inconsciente coletivo pega a gente, envolve a gente, sufoca a gente.
Só sei que a figura de Eduardo Campos ficou pairando no ar, embora o avião tenha caído vertiginosamente em terras paulistas.
Com ele haviam algumas medalhinhas da sorte que a família pediu e foram encontradas.
Que família sem sorte, poderíamos pensar.
Que nação infeliz somos, poderíamos gritar.
Vejam as medalhas nas mãos ainda sujas do bombeiro que as encontrou...

Isso não é nem uma postagem que valha a pena ser comentada mas...vejam, são santinhos e mais um trevinho de quatro folhas que ele sempre carregava próximo ao seu corpo brutalmente estilhaçado naquela explosão. Houve sorte para seus companheiros?
Ainda haverá sorte para nós?
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Outro post virá em seguida, o que fiz aqui foi só uma rápida e emotiva reflexão. Descanse em paz, Eduardo Campos!