quinta-feira, 28 de março de 2013

Filhas das Estrelas - epílogo

Donato está voltando para casa, o engarrafamento é monstruoso, os motoristas discutem, se agridem fisicamente e ninguém mais se entende. Ele abandona o veículo no acostamento e segue a passos rápidos para sua residência, mas  não encontra a família por lá, os móveis foram revirados. Portas abertas, ele percebeu a fuga precipitada de Célia. As casas dos vizinhos também se encontram no mesmo estado de abandono. Don começa a perambular pelas ruas em busca de pistas. Uma pancada surda explode em sua cabeça e a escuridão apaga-lhe a consciência.
Enquanto isso, o grupo de Petrônio chega são e salvo  a uma região de montes nevados, cabanas de madeira circundam uma construção de pedras, talvez um velho mosteiro. Reunidos naquele salão onde o tempo parece não passar, se encontram homens e mulheres de vestes longas e cores sóbrias.
Uma senhora de cabelos ruivos, toma a palavra:
- Tudo que estás vivenciando até agora, Célia, foi plasmado por nós, até nossos corpos, pois somos pura energia, não possuímos corpos físicos.
- Mas por que me escolherem e a minha filha entre tantas pessoas? Redarguiu a visitante.
A mulher ruiva retoma a palavra:
- Seus átomos e, consequentemente, da sua filha, tiveram origem na nossa galáxia, vocês são nossas filhas, não te lembras da tua capacidade paranormal de prever o futuro? Herdaste isso e muito mais dos nossos antepassados. E seguirás conosco, se quiseres, para aumentar teu potencial de poderes e de sabedoria. Aceitas a nossa proposta?
O rosto de Célia se ilumina e sua mente se abre para uma percepção maior do momento importante em que está imersa. Mesmo assim, impõe uma condição:
- Só iremos se Don também concordar. Somos uma família...
De repente, surge na parede em frente, uma tela com a imagem de um homem ferido na cabeça, era seu esposo. Célia solta um grito de desespero e revolta-se contra seus protetores: - Por que vocês não o salvaram?
- Espere, moça! Intervém um homem baixinho, vestido com uma roupa artesanal de algodão cru. Ele vai sair dessa, mas por ter participado de temíveis experiências com os códigos genéticos da natureza e do homem, seus inimigos estão tentando eliminá-lo. Não conseguirão, vamos impedi-los e ele vai fugir.
- Mas que culpa ele teve? Abram o jogo! Célia altera a voz.
O homenzinho responde: - Ele tinha o livre arbítrio e, por ambição e vaidade da sua brilhante inteligência, prosseguiu nesses trabalhos que estão colocando em risco a sobrevivência do planeta. Porém, já sabemos que houve mudanças no seu caráter. Ele se arrependeu e pode desfazer o mal que ajudou a criar. Essa atitude o salvará, acredite.
Passaram-se alguns dias e ao entrar no quarto da filha, Célia se depara com uma cena comovente. Era Don que, abraçado a Íris, chorava copiosamente. Ela se aproximou e os três...bem, os três se transformaram em um. Essa, quem sabe, seja uma cabala que só o amor explica.
A casa agora, parecia totalmente vazia. Numa manhãzinha amena, saem para passear pelas redondezas e se deparam com uma construção metálica de luminosidade diferente. Don pediu que a mulher e a filha parassem e foi ter com Petrônio que se encontrava à entrada daquele aparelho de forma circular. Conversaram em voz baixa.
Em seguida, os quatro deram-se as mãos e embarcaram felizes naquele objeto não identicado. Seria um disco voador? Por que não?
Afinal,vocês pensam que estamos sozinhos no universo?

Nota explicativa: Em 1958, eu, minha família e toda a população do Estado do Rio de Janeiro, avistamos evoluções de alguma coisa que voava nos céus, e que deixava fortes rastros azulados. Não era avião, nem balão, nada que os homens de ciência da época pudessem explicar. O noticiário foi  farto sobre  a insólita ocorrência.

Uma Páscoa de Paz para todos!

terça-feira, 12 de março de 2013

Filhas das Estrelas - Parte 3

Petrônio pergunta, mas antes mesmo que Célia tenha tempo de pensar, ele mesmo toma a iniciativa de mudar o rumo da conversa, numa espécie de arrependimento, o que lhe aprofunda as rugas do rosto.
- Deixa pra lá! Vamos ter o momento certo para tratarmos disso e muito mais. Precisamos mesmo é pegar esse helicóptero e sairmos logo daqui, esse lugar é perigoso para vocês, eles estão lhes seguindo.
O coração de Célia bateu acelerado, estava com muito medo, a visão daquele aparelho e o destino desconhecido a deixaram paralisada.
O piloto gritou lá da cabine: - Sem medo, gente! Temos pressa!
Para entendermos mais as apreensões dessa mulher, teremos forçosamente que traçar um breve perfil das atividades de César Donato, seu marido. Então, vamos a ele.
Don, como era mais conhecido, viveu uma infância pobre como trabalhador rural, sem tempo de ter infância. Certo dia, acordou com planos de fugir de casa e, maltrapilho, sem sapatos, pegou uma carona numa caminhonete e foi para a capital. Menino lúcido e maduro para a sua idade, trabalhou muito duro, mas matriculou-se numa escola e com o salário minguado de faxineiro, foi traçando seu destino. Por fim, formou-se em Ciências Biológicas e tornou-se professor universitário.Como mérito de toda essa vida de estudos e labor, foi convidado a ser cientista num grande laboratório de genética humana e animal.
Conheceu Célia numa festa infantil - ela era professora primária do jardim de infância. Não era lá uma beldade, além disso, as grossas lentes dos seus óculos para miopia, escondiam os tons naturais daqueles olhos meio cinzentos, meio azulados que lhe emolduravam a tez clara. Mas quem poderia explicar esse mistério do amor à primeira vista?
Íris nasceu, a casa encheu-se de uma energia boa, mágica; sons de risadinhas infantis, aromas de leite materno, roupinhas cor-de-rosa no varal. Dois anos se passaram assim, felicidade ilimitada e roseiras brancas no jardim. Porém, Don, pouco a pouco, passou a dispender mais tempo e energia no laboratório. Célia percebia também que as conversas se tornavam mais curtas e ríspidas quando se tratava em dar explicações para essas mudanças.
Que pesquisas realizava Don? E por que não se aprofundava no assunto?
Na próxima e última parte, teremos todas essas indagações respondidas.
Mais uma vez, fico-lhes muito grata!
Até lá!