sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O que guardamos no céu da boca


O poético seria dizer que são estrelas no fundo escuro das noites sem fim das galáxias em espirais medonhas engolfadas por buracos negros.
Mentira.
Mera hipótese literária.
Uma língua úmida de palavras desconexas com ilimitados nexos passeia pelos dentes afiados lisos brancos arredondados desafiados a morder a quem aparecer pela frente feito cachorro louco raivoso.
Emudeceu. Guardei a língua para não te dizer palavra.
Não prometo ao mundo minha mudez. Prometer não muda.
Prometer mete a lâmina afiada na criança do poema que não nascerá.
Promete-se nada se cumpre. No céu da boca guarda-se cuspe.
Saliva amarga

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Rosa Passos canta - canta de verdade - 'Curare' de Bororó.

Ouve, gente! Sem pressa! Isso é papa fina...