segunda-feira, 25 de abril de 2011

Uma Francesinha na Família

Importada de Paris, usando seu pretinho básico, ela foi se entrosando na família através das mãos e dos olhos perspicazes do nosso pai. Daí por diante, todas nós, as suas meninas, fazíamos poses de artistas, mas tudo em preto e branco e aquele homem apaixonado por fotografia não deixava passar uma chance, um momento sequer da nossa infância para nos pegar nos ângulos mais interessantes, a ponto de nos arrastar da cama aos domingos para fazermos gracinhas e esboçarmos aquele sorrisinho bobo de "olha o passarinho."Mas o tempo, senhor supremo do universo, fechou os olhos do nosso fotógrafo mais sensível e amado. A francesinha foi ficando surrada e acabou abandonada no fundo do armário. Zanguei-me com esse cara tão impiediso que, além de arrancar de nós o doce pai e fotógrafo, também tentou lançar a nossa francesinha no mofo do esquecimento. Aqui está ela, meus amigos!
Sem uso,solitária, mas inteira e orgulhosa pelos bons serviços prestados à família, embora aquele olhar por trás da lente tenha se apagado para sempre e as suas meninas tenham crescido e se separado para seguirem seus destinos. Sem choro, sem lamentos, deixo aqui registrada uma saudade insistente que teima em não me largar.
Só uma música também francesa, tida como aquela dos versos mais perfeitos da história musical de todos os tempos, poderia nos envolver nesse clima tão confessional. Ouçamos 'Ne me quitte pas' com seu maravilhoso criador, Jacques Brel, que a interpreta de forma triste após a perda da mulher amada. Perder aqueles que amamos nunca será fácil.
"Não me deixes...
Não me deixes...
Não me..."

Amigos, estamos saindo de férias. Volto ao final de maio, se Deus quiser!
Au revoir!!!