segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Dissolveram o Dedo de Deus em Teresópolis


Teresópolis da minha infância. Crianças rolando na grama e o aroma das flores silvestres infiltrando-se nas nossas respirações, pulmões cheios do ar mais puro do planeta. As brumas da manhã trazendo aquele frescor esbranquiçado às serras, enquanto o Dedo de Deus (a montanha mais especial depois do Himalaya - não, não, O DEDO DE DEUS será sempre mais importante para mim, devo ser franca) apontava para o alto, só para nos dar a certeza de que a felicidade seria eterna. Felicidade eterna, que utopia é essa, menina?
Certo dia, que ninguém imaginava que chegasse mas, desafortunadamente, chegou, o tempo fechou-se, ficou zangado, veio o dilúvio. Deus retirou seu sagrado dedo da nossa paisagem e o apontou para os homens ambiciosos e tolos que construíram suas mansões irregulares nas encostas. A grama transformou-se em lama. Tudo e todos se sujaram, se enlamearam. Mortes soterradas, sonhos irremediavelmente perdidos.
Foi-se também no despencar das mais de oitocentas vidas uma das minhas mais doces e caras lembranças, perdeu-se mais essa. Estamos ficando pobres em boas lembranças e o tempo da inocência já passou.Não volta...

Não queria ficar falando em tragédias, pois seria uma redundância. A vida, por si só, sempre foi e será uma imensa e caótica tragédia, daquelas que só os gregos sabiam produzir.
Adeus, Região Serrana do Rio!
Paz para seus mortos, soterrados numa avalanche de pesadelos horrendos!
A música de hoje não há. Calaram-se as vozes dos cantores e os instrumentos estão desafinados. Nem os pássaros podem ser chamados, foram assassinados por nosso total e sórdido desrespeito à natureza.