segunda-feira, 21 de março de 2011

Ninguém me Avisou que o Mundo Acabou

Eu pretendia falar do Japão, mas lembrei-me de Chernobyl, mas lembrei-me do Césio no Brasil. Lembrei-me das crianças morrendo na África, da Guerra da Bósnia, crise em Portugal, guerra sangrenta na Líbia, o desemprego no mundo. Chega!
Conclusão:
O mundo acabou e ninguém ainda me avisou. Mas a lembrança de um antigo festival da MPB, onde surgia o profético e irreverente Eduardo Dusek, trouxe-me a salvação para esse post. Chamava-se Nostradamus, a música, e está aqui ao lado. Vai valer a pena ouvir de novo! Ouçam, eu tô pedindo.
Na primeira imagem, vemos a beleza nevada do Monte Fuji. Esse era o Japão dos nossos sonhos, sereno e com as suas cerejeiras em flor.
Já na segunda, encontramos uma das cenas do filme Rapsódia em Agosto do genial, premiado e ESQUECIDO, Akira Kurosawa. Os moderninhos - se ainda estiverem vivos - o acham ultrapassado. O notável criador de Ran e Os 7 Samurais tascou nas nossas caras o resultado do alto preço que estamos pagando pelo tal progresso a qualquer custo. Um desenvolvimento perverso onde a vida humana e a saúde do nosso planeta não valem absolutamente nada.
JAPÃO:
População: 128 milhões de habitantes e todo mundo comendo, bebendo, trabalhando (não vamos negar) e usufruindo de uma tecnologia fora de série, estupenda, sem precedentes no mundo ocidental.
População de Tóquio: 30 milhões de pessoas concentradas na maior área metropolitana do mundo, é muita gente junta, fico me coçando só de imaginar.
País insular com 6.852 ilhas, muitas delas vulcânicas, detém em seu território 55 usinas nucleares que sustentam toda essa enormidade de confortos e coisas que tais.
Fukushima em chamas e a megalomania de muitos virando fumaça,radioatividade, mortes, sofrimento e dor. O mito caiu e o santo era de barro, os grandes cientistas não conseguiram prever e, principalmente, prevenir uma catástrofe de tamanha magnitude.
Dessa vez, meus amigos, a culpa não foi de Deus!
A lição foi dura, temos que repensar tudo de novo.
Do comecinho, ou...

quarta-feira, 9 de março de 2011

Olhos de Espuma

Um par de olhos espreitavam aquele minucioso e pormenorizado ritual. Vanda destacava a tampa da lata de sabão pastoso que, por sinal, mostrava uma aparência rutilante ao sol e um aroma que de tão penetrante invadia todas as casas da vizinhança.
Degraus de mármore alvíssimos eram esfregados palmo a palmo pelas mãos ágeis daquela senhora. Em consequência, bolhas transparentes e coloridas surgiam para extasiar aqueles olhos observadores. Olhos que escorregavam na espuma de um passado sem retorno, obscuridade.
Na face de Vanda havia uma expressão contida, mas satisfeita, nada mais.
O trabalho iria se repetir sempre, dia após dia. A escadaria branca ia ficando mais e mais clara, transparente, até desaparecer no tempo-espaço da relatividade einsteiniana.
Os olhos viam. A mente não correspondia.