sexta-feira, 5 de março de 2010

Monólogo com a minha cidade...

Essa é a minha cidade,

Aquela que penso conhecê-la como a palma da minha mão.Viu-me crescer e, pouco a pouco, acabou se transformando em algo que não mais reconheço e não mais me reconheço nela. Ruas, viadutos, prédios altos, concreto pesado sepultando o verde. Restou um único florista onde se compravam as mais atraentes rosas-chá. Ficou ainda a lojinha de tecidos finos bem espremidinha. Ali, na avenida principal. Quem compraria tecidos finos, hoje? Os jeans invadiram a área. Adeus às sedas, brocados e linhos, adeus...
Falo e não posso me esquecer de citar as calçadas cheias em dias de pagamentos mensais e uma massa de gente apressada que não nos cumprimenta, nem deveria, antes se lança sobre nós num pugilismo suado, sem charme, sem perfume e, muito menos, sem poesia. Ninguém meteria poesia nessa encrenca de camelôs, travestis, garotas de programas e uns tantos aposentados, mesmo a todos amando, busco pela gentileza que se foi.
Choveu demais, o bueiro entupiu e sobras de tudo vagueiam feito navios fantasmas no sujo mar. Mar da minha cidade que nunca o terá.
Restou a praça que, um dia, disseram que ao povo pertencia. Entulham-se os carros da classe média - afundada em dívidas - pelas calçadas, vistosos, brilhantes, entulhos de lata. Avisto alguns arbustos que, sem dúvida, serão destroçados pela companhia elétrica por ameaçarem eletro-domésticos comprados a prestações e mais úteis que o oxigênio que ainda é gratuito.
Conte para mim, minha perdida cidade no recôndito da minha mente mediúnica o quanto juntas sofremos, no passado e no presente, o futuro não virá, eu sei. Faremos esse acordo tácito e lhe mostrarei as cicatrizes dos tombos e escorregões nas cascas de bananas no meio do caminho que trilhamos. Como doeu e ninguém notou, ninguém chorou, nem por mim, nem por você. Pois é, eu sei que você vai me ouvir, só você...

As Vitrines...


Canta, Chico!

Nossa Homenagem ao Dia Internacional da Mulher - presente do amigo Edu .Obra do genial Edgar Degas que gostava de valorizar a mulher no seu dia a dia. Obrigada, meu gentil amigo!