domingo, 1 de março de 2009

Curitiba, o Primeiro Amor...

A estrada verde e os pinheirais não tinham fim, mas Curitiba estava próxima. Chegamos à rodoviária velha.
O "povo do frio" e sua propalada elegância me atraíam; havia um desfile colorido de gorros, cachecóis e até luvas pelas calçadas onde damas exibiam sua beleza nórdica-brasileira. Encantador esse país continente, não acham? Frio e Calor convivendo num mesmo idioma.
Entrei numa loja de departamentos e fui comprando, sem olhar o preço, um casaco verde-musgo que combinava com minha cabeleira bem negra. Voltei ao Hotel Mafra, fui subindo a escadaria gasta que rangia. Cheguei a um quarto amplo, limpíssimo e com inúmeos cobertores e edredons. O frio era intenso, mas havia a luz natural que se espargia através da janela escancarada. Detive-me no parapeito de onde podia divisar uma casinha azul de madeira e... um habitante masculino muito especial.
O rapaz de sobretudo cinza e madeixas douradas grudou-se na minha imaginação e eu já fantasiava, namorando-o. Adolescente, meus amigos, tudo nessa fase TEM que acontecer como nos sonhos. Não acontece, sabemos.
Foi no Café da esquina, pela manhã, ao pedir ao garçom aqueles deliciosos pãezinhos crocantes que percebi a presença de Juliano: tremi, mas não foi de frio, lhes garanto!
Juliano viu-me sozinha e veio ao meu encontro com um sorriso inocente e poderoso, me desarmou...
- Você não é daqui? Perguntou-me logo.
- Sou do Rio. Respondi-lhe, forçando desenvoltura, estava confusa por dentro e não me perguntem o porquê.
- Quer sentar-se comigo? Bem, titubeou propositalmente, se não tiver algum compromisso. Sorriu de novo. Fui levitando até sua mesa. Depois daquele longo café, guiou-me até os pontos turísticos da cidade e cedemos às primeiras carícias, as mais ingênuas, pra começar, aquelas do ABC dos jovens que tateiam na penumbra da paixão, escondidos do mundo, escondidos de si mesmos...
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*Conto minimalista (ficção).

*Só queria falar da Curitiba que conheci na adolescência. Infelizmente, o Juliano não existiu.

*Agradeço a todos!